Eu fiz umas boas maluquices pra chamar tua atenção. E quer saber? Por algum tempo você foi o mais empolgado da platéia. Fiz mágica pra poder te ver. Andei na corda bamba pra equilibrar as brigas. Eu fui trapezista pra te impressionar. E te deixar com frio na barriga. Adivinhei pensamentos seus nos meus números de mágica. E te arranquei sorrisos lindos quando me vesti de palhacinha. Nos intervalos você me apertava pela cintura atrás das coxias. E me levava algodão doce... Com o contorcionismo levei amor dos pés a cabeça. E com malabares eu fazia graça pra te mostrar habilidade. A habilidade de equilibrar o amor acima do ciúme na pontinha da cumplicidade. Eu sei, você sempre preferiu meus números sem maquiagem, sem salto, sem roupa... E também fui artista despida. Por você, eu era tudo. Eu fazia qualquer número. Você foi, por muito tempo, o MEU respeitável público... Mas você foi embora antes que o espetáculo acabasse. Não se importou com meu cansaço, nem com a minha dor nos pés. Eu chorei sim, porque a razão da minha arte havia partido e levado meu coração. Mas sou artista meu bem, preciso de brilho. Levanto picadeiro agora, para armar em outro terreno, mesmo sem coração, mesmo sem amor. Vou levar o que aprendi para onde exista um respeitável público que espere as luzes se apagarem. E que me aplauda de pé.
Maravilhoso, só pra constar!
ResponderExcluirE sim vc é uma artista...
Dessas que se aplaude antes mesmo que o número apresentado se encerre!
com carinho
Dessa
PQP dona Fer! rs
ResponderExcluir''Mas você foi embora antes que o espetáculo acabasse''???
O que foi isso??
Parece que tem alguém lendo a minha vida num romance barato numa dessas bancas esquecidas pelo tempo.
Simplesmente fantástico!
by the way, quero uma meia listrada igual a da foto :D
O show tem que continuar, as cortinas nunca pode fechar...Fantástico as suas colocações nesse texto!
ResponderExcluirO amor é uma arte.
ResponderExcluirArrasou, mocinha!
ResponderExcluirPoético, metafórico, forte... Lindo!
Beijo, queri.