segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Andanças


Tempestades enfrentei sem adoecer
As muitas topadas me fizeram crescer
Chorava nos cantos pra não mostrar fraqueza
Aquela a qual todos comentavam da beleza.
A delicada flor do deserto
Que cresceu sem nenhum amor por perto
E saiu dos templos em busca dos cabarés e das metrópoles
Com um pouco de álcool, bossa nova e rock
Abandonando princípios em troca de emoção
Ofertando a alma por um pedaço de pão
E rabiscando nas estrelas minha doce sina
Que o corpo de mulher e a cara de menina
Haviam pressentido desde o primeiro grito.
Ao Supremo Maior, sem delongas deixei escrito:
'Eu vim pro mundo pra encantar, meu Deus
Mas só sofrimento tive nos dias meus!'
E a Divindade rascunha, embaixo das minhas letras
Naquele céu escuro quase de cor preta:
'Menina, descalça faz teu giro, e reza todo amanhecer
Porque o que não falta na tua vida, é vida acontecer.'


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sim, sua culpa.

Depois de horas de lágrimas derramadas, com o rosto exausto se olhando no espelho, você percebe quem é o único responsável por cada uma de suas dores... Você. Suas escolhas.
Nos permitimos achar, julgar, acreditar... nos permitimos amar. E a cada permissão concedida assumimos a responsabilidade das consequências. Mesmo que inconscientemente.
Porém, com a nossa confortável mania de jogar a culpa no mundo, ora o destino é responsável, ora aquele cafajeste com quem você se meteu, ora sua chefe, que insiste em não valorizar seu trabalho. Já parou para pensar que você pode não ser tão bom quanto imagina?
É a maximização do ego se propagando aos montes. Sempre apontamos o erro a algum fator externo. Como se errar fosse cada vez mais proibido. E é.
Ela terminou. Mas não porque você é inseguro, ciumento ou infantil. Ela terminou porque o destino quis assim, e se um dia tiver que ser, vai acontecer. Ok, boa sorte.
O nosso problema é essa dependência do outro, até para atribuir enganos.
A vida vale por si só e as pessoas só podem ser bem vindas quando acrescentam, e não para tapar aquele buraco escuro onde ficam nossos medos.
Olhe-se novamente. É a essa imagem a quem você deve atribuir as consequências dos atos cometidos ou não. A sua felicidade... ou a sua dor. Se demos a permissão, sim, elas são indiscutivelmente nossas.
Não dá mais tempo de culpar sua mãe por não ter colocado mais chocolate no leite e isso ter feito de você um incompreendido na Terra. A vida adulta não tem tanto glamour como pensávamos. É legal poder ir e vir, no entanto a teia que envolve a liberdade é bem complexa. Não é fácil ser livre. Às vezes machuca.
Perceber onde e o porque de cada tropeço. Tomar as rédeas dos erros, dos acertos, da vida... Isso é maturidade. Isso é 'cuidar do jardim'*.
*Alusão ao texto "Borboletas" de Mário Quintana.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Placas indicativas

E quando a gente se dá conta, o mundo gira.
Na verdade, às vezes, parece que chacoalha. Tonteia. 
Faz perder o rumo.
E encontrar novos caminhos.
Se desencontrar.

Dar de cara com placas indicativas repetidas vezes. 
Parece que mesmo no meio do furacão tem uma setinha dizendo: "por ali".
Alguns chamam de "anjos".
Aquela sarjeta que você senta depois de um porre.
Aquele porre que você toma depois de um fora.
A sopinha com cobertor na noite fria.

Anjos vestidos de placas indicativas.
Que te mostram a estrada quando a visão embaça.

Todo mundo algum dia precisa de uma indicação.
Até os grandes. Até os fortes.
O mundo é grande demais pra andar sozinho.
Às vezes o GPS quebra. 
Ou não suporta uma tempestade um pouco maior.

Mas o Universo conspira pra um luminoso acender na avenida.
E um técnico consertar a lâmpada queimada de dentro do peito. Ou dar uma recolhida nos cacos da última que acabou de quebrar.

Anjos. Técnicos de eletricidade. Placas indicativas.
Obrigada.