segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O amor exige coragem.

Mais do que coragem pra dizer o que pensa a seu chefe. Pra pedir demissão daquele emprego "maravilhoso" e abrir um negócio próprio. Mais do que coragem pra admitir querer ser mãe solteira ou trancar a faculdade e viajar pelo mundo...
Você precisa de coragem pra amar. Coragem pra passar por cima do que os outros pensam. Coragem pra engolir um pouco do seu orgulho. Pra afirmar que você encontrou a pessoa da sua vida (pelo menos nesse momento) e admitir não conseguir viver sem ela. Claro que você consegue viver, mas que a vida fica bem melhor com essa pessoa do lado, ahh... isso fica.
Ter coragem pra assumir erros. Pra pedir perdão. Coragem de ligar quando se tem vontade e não ligar quando não tem. Coragem de dizer "eu te amo". De mandar mensagens românticas (e breguinhas). De escrever um poema. Coragem pra dizer "fica mais". Pra dizer "quero você". Ter coragem de admitir que ele é um mané e que você adora. Mandar letras de músicas sem medo de parecer cafona. Coragem pra ser cafona.
Ter coragem pra amar é chorar no colo dela sem receio de parecer um fraco. De dividir os problemas e pedir opinião, ajuda. Ter coragem de aparecer de surpresa com um presente lindo, ou só um bombom, ou só você. Coragem de divergir, de discutir. Coragem de olhar dentro dos olhos. De ouvir. Coragem pra deixar ser livre. Pra ter a segurança que essa pessoa volta, se o amor dela for seu de verdade. Coragem de correr riscos. De se jogar sem medo de cair. Ter coragem até pra admitir que é amor. Ter muito peito, muita audácia, muita força. O AMOR EXIGE CORAGEM... e isso... é para poucos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Na sacada

Sabe de uma coisa? Fiquei muito tempo olhando pela sacada pra ver se você aparecia. Me acostumei tanto com com o enquadramento daquela visão que parecia isso mesmo, um quadro. Estático. Todos os dias as mesmas coisas, as mesmas pessoas, os mesmos carros. Parecia até que no final da tarde o cinza era exatamente igual... sempre. Havia até decorado aquela música infernal que umas crianças cantam na praça da esquina. E eu não saía da sacada. Esperando você passar. Esperando um pouco de cor pro meu dia, um pouco de cheiro pra sentir. Mas você não passava. Nunca. E eu fui percebendo quantos carros diferentes tem nessa cidade. E que o final da tarde às vezes é alaranjado. Reparei que pessoas distintas passeiam em vários momentos do dia, e dão risadas, e brigam. Até aprendi a gostar da música das crianças. Passei também a notar o cheiro da comida do apartamento de cima no início da noite. O quadro estático enfim movimenta-se. Ficar na sacada observando a vida lá fora se tornou mais interessante do que esperar você passar. De repente, esperar você passar se tornou um detalhe. E são tantas coisas pra observar que talvez o dia em que você resolver passar, eu esteja muito distraída vendo a cor do pôr do sol...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fada das letras

Foi num dia escuro que ela me visitou pela primeira vez. Há muitos anos. Nós tivemos uma relação bem chegada durante um tempo, mas um choque nos afastou. E permanecemos assim.
Eu cresci, virei mulher adulta e excessivamente racional. Quando numa encruzilhada de tormentos, ela voltou. E me trouxe esperança.
Eu me sinto protegida quando ela vem. Sabe a sensação de que você pode tudo? Com ela aqui eu posso tudo. Até inventar que dores minhas não são minhas. Até criar finais felizes...
Ela? A Fada das Letras. Ela me pega pelas mãos e dá vida independente às pontas dos meus dedos. Com ela presente eu não fico sozinha. Mesmo de madrugada, que aliás, é seu momento preferido.
Ela me ajuda a não explodir. Ela me ajuda a explodir o mundo. E com ela eu tenho coragem de dizer tudo. Inclusive o que não existiu. Só ela é capaz de tirar de mim segredos obscuros e os desejos mais secretos. Ela me incentiva a pôr pra fora a dor do peito. Pra cicatrizar mais rápido. Com ela consigo até ser engraçadinha de vez em quando, afinal a vida também precisa de um pouco de risada, né?
A Fada das Letras às vezes some. Mas a nossa relação é tão segura que eu não me desespero. Sei que ela volta. E volta arrebatadora me destruindo por dentro. Fazendo libertar o que sem ela seria impossível... e me faz chorar. Muito. Como agora, por exemplo. Ela sabe que me faz sofrer por escrever certas coisas, mas ela faz mesmo assim. Deve ser pro meu bem, eu acho. Tipo mãe, sabe?
Inventamos amores e dores. Ela entende que minha vida é bem menos interessante que a dos meus personagens, e que eu não gosto de histórias sem finais felizes. Então eu invento. Invento que eu sinto, que eu sofro, que eu choro, que eu amo... E depois invento que eu inventei tudo isso. Só pra parecer forte.
E quando ela vai, levando consigo uma tonelada de não-sei-o-quê, me sinto mais leve. Não menos triste, nem mais feliz. Mas, serena, aliviada. Com menos vontade puxar o gatilho e mais vontade de viver pra mim. E pra ela também, que na verdade deve fazer parte de mim. A parte mais insana e mais provocante. A Fada das Letras.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Utilidade pública: Intoxicação.

Esse texto foge um pouco dos moldes do blog, mas achei que seria importante dividir com vocês o pequeno susto que eu passei ontem.
Estava eu, nem tão bela, nem tão formosa, brincando de ser dona de casa (o que, diga-se de passagem, está longe de ser uma das minhas especialidades), quando resolvo dar uma de Lavoisier ao misturar produtos de limpeza (leia-se: produtos químicos perigosos) com o inocente intuito de deixar a casinha mais cheirosa.
Em menos de 5 minutos respirando de perto o gás que se formou pela mistura, a poia aqui começou passar mal. Tosse, ardência nos olhos... em pouco tempo veio a tontura, coceira na pele e dificuldade de respirar. Não demorou muito pra eu perceber o que estava acontecendo. Abri as janelas e liguei os ventiladores. Me aconselharam a ir pra outro local respirar ar puro. Fiz isso por uns 30 minutos, mas o mal estar não passava.
Foi então que decidi acessar a internet em busca de informações sobre quais atitudes tomar nesses casos. É incrível como só encontrei coisas do tipo: "como evitar intoxicação". Pouquíssimas coisas sobre: "o que fazer em casos de intoxicação".
Uma amiga me sugeriu ligar para o plano de saúde, talvez eles pudessesm ajudar por telefone mesmo. Liguei e a moça me disse que só quem poderia ajudar era o pessoal da CCI (Centro de Controle de Intoxicações), que fica na USP. Passei uns 20 minutos tentando falar, mas só chamava... Voltei a ligar no hospital do meu plano e a atendente disse o seguinte: "ahh, mas hoje vai ser difícil você falar lá... é sábado." Portando amigos, nem pensem em se intoxicar fora do horário comercial, a menos que queiram ver a decoração de São Pedro mais rápido.
Enfim, nada me restou a fazer senão sair pra respirar ar puro. Uns queridos me ofereceram ajuda, e é muito bacana a gente ver que pode contar com alguém nos momentos não tão legais.
No final do dia eu parecia uma bolsa d'água, pois a única coisa que o estômago aceitava era líquido. A sensação de estar de ressaca sem ter bebido uma gota de álcool durou muitas horas. Na verdade até no dia seguinte minha cabeça parecia pesar uns 500 kilos.
Isso é grave pessoal, muito grave. Imagina se fosse com uma criança? Bom, depois dessa ficaram várias lições, entre elas LER RÓTULOS e não querer bancar a alquimista (principalmente tendo dormido na maioria das aulas de química). Ahh, e aceitar a condição de que definitivamente eu NÃO nasci pra ser dona de casa... ;)

Boa semana a todos!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mudanças.

Ele sempre ia àquele restaurante. E sempre fazia o mesmo pedido. Era fiel a tudo, ao garçom, à mesa, ao vinho... Até que um dia recebeu uma sugestão do cheff: um novo prato da casa extremamente exótico feito com um ingrediente raríssimo.

Soou um pouco estranho, afinal ele era um pessoa tradicional, não tinha o hábito de experimentar coisas novas, mas devido à bela aparência e ao agradável perfume do tal prato, aceitou degustar um pouco.
Eis que o cliente tem uma surpresa: a iguaria era realmente deliciosa! O sabor, a textura... diferente de tudo que já havia provado.
Passou a jantar todas as noites naquele restaurante. Pedia, claro, seu mais novo "vício gourmet" como ele mesmo havia denominado. E presenteava seu paladar com a delícia "excêntrica". O prazer que ele sentia ao levar uma pequena porção à boca, parecia o levar ao nirvana. Sim, ele flertava com aquele prato de comida à sua frente.
O tempo passou, e o cliente fiel passou a notar uma certa diferença no prato. Algumas vezes o aroma não era tão intenso, outras vezes o sabor não era tão marcante. Já não sentia mais todo o exotismo quase que sensual passado pela iguaria.
Foi quando decidiu perguntar ao garçom, o que havia mudado na elaboração do prato. Não estava como antes, isso era um fato. Seria o tal ingrediente raríssimo que estaria em falta? O garçom, por sua vez, contou que o antigo cheff havia se mudado e com isso o restaurante precisou contratar outro profissional. Mas explicou que o cheff atual tinha até mais qualificações e experiências do que o anterior, portanto a mudança no paladar do prato com certeza seria para deixá-lo ainda mais refinado.

Era a resposta que precisava. O antigo cheff saiu, o coração da cozinha foi embora. E quando um coração vai embora, pode vir milhões mais sabidos que nunca ocupará o lugar do que partiu. Pode se passar a receita, ensinar o modo de fazer, mas nunca, jamais o novo coração reproduzirá o mesmo gosto.

"Há momentos, em que é preciso mudar o prato. Ou o restaurante..."

Big kisses!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A garotinha e o vaga-lume

Ela era uma garotinha triste, daquelas que não brinca, não tem amigos. Gostava de ficar sozinha fazendo desenhos na areia do playground de seu prédio.
Certa vez, quando já era quase noite, avistou uma luz pequenina que acendia e apagava rapidamente. Era um vaga-lume.
Seus olhinhos brilharam muito ao ver algo tão mágico! Como era possível uma luz tão pequena se mover tão rápido, acendendo e apagando a todo instante?
Teve a face iluminada com a luz daquele bichinho curioso. Uma novidade para uma menina que vive em meio a prédios e concretos. O entusiasmo foi tão grande, que ela passou a descer para o playground todos os dias no mesmo horário para ver seu mais novo amigo.
O intrigante é que o vaga-lume voltava também. Todas as noitinhas ele parecia passear ao redor da garota, arrancando sorrisos e ainda mais encantamento.
No entanto, o que era só para admirar, ela quis pra si. Queria o vaga-lume sempre perto, noite e dia. Então em uma das noites, ela levou consigo um pote de vidro. Afinal ali poderia ter por perto seu amiguinho iluminado pra sempre.
O vaga-lume, que já estava gostando muito da companhia da garotinha, ficou surpreso ao ver sua amiga querer prendê-lo. Ela, por sua vez, não imaginava que fosse tão difícil capturar o pobrezinho. Já na escuridão da noite, onde só se via um ponto de luz que se movia muito rápido, era impossível prever para onde ele iria.
Ela mirava, mirava, mas obviamente nunca iria acertar. E isso perdurou por dias. Ficou obcecada pela idéia de ter consigo seu único amigo, o único serzinho que trouxera luz aos seus dias. E para o vaga-lume, o que era um momento agradável tornou-se uma tortura.
Até que, aqueles poucos instantes diários de diversão viraram sofrimento. Não demorou muito para o vaga-lume partir...
A garotinha voltou a ter o semblante sombrio, e suspirava de saudade dos momentos de luz e alegria que havia vivido ao lado do seu único amigo, o vaga-lume. E ele? Ele a observava de longe, torcendo para um dia ela compreender que, quando as naturezas são diferentes, os desejos podem não ser os mesmos... e é possível ser feliz com quem se ama, sem ter que prender.