Hoje me deparei com um texto que descrevia romantica e ironicamente o ato de dividir o mesmo teto com alguém. E a história continua mais velha que andar pra trás: quem tá fora quer entrar e quem tá dentro reclama. Casamento é como aquela piscina gelada onde seu amigo grita "pode vir, a água tá ótima". E a gente pula.
Morar com alguém é o máximo de intimidade que podemos ter. Vide a família: amamos nossos pais, mas vez ou outra deu vontade de meter o pé em tudo, não é? O que faz um ser de cabeça pensante achar que no casamento será diferente? Não importa se é com ou sem papel passado. Você mora com outra pessoa, bebê. Por mais moderninho que seja o casal, existe a necessidade de dar satisfações, existe louça pra lavar, encanamento vazando e lixo do dia anterior que não foi posto pra fora (e estava na sua vez).
Convivência e romantismo repelem-se. O casal fica tão próximo que ele sabe do pelo encravado da última depilação dela que, por sua vez, não se importa mais com o furo no pijama (na verdade é uma camiseta velha).
Não, não é romântico ouvir o ronco dele. Discutir a temperatura do quarto. E NINGUÉM beija ao acordar antes de escovar os dentes. Pode parecer bobagem, mas bobagens ridículas dessas minam a graça de estar junto.
Mas tudo isso é tão pequeno diante da amplitude que é dividir a vida com alguém... Se você se considera maduro suficiente para aguentar os pequenos trancos da vida a dois, avance uma casa. Avance para os grandes trancos.
Cumplicidade. Impossível ter uma vida decente a dois sem a parceria sincera do casal. Ok, individualidade sim, além de necessário é fundamental. Mas olhar juntos para o mesmo horizonte é vital pra saúde de um casamento. Caramba, você mora com a pessoa, se não tiver assuntos e planos em comum, que porcaria de vida é essa? Sexo? Desculpa criança, mas definitivamente, isso não é tudo... é um BOA parte, porém, uma parte que vai desmoronando a partir do momento que os demais laços vão se afrouxando... ou se apertando demais. Pois é, a posse também é um belo copo de cianureto aos pombinhos.
Egoísmo, intolerância... eu poderia listar terabits de pedregulhos na estrada de um relacionamento. Pontos que insistimos não enxergar com a lente cor-de-rosa da ilusão. Mas não existe lente forte o suficiente. O tempo sempre a quebra e mostra um mundo real onde, se não formos práticos, sinceros e pacientes, o conto romântico termina em filme de guerra. Ou pior, em cinema mudo.
Está disposto a ficar 3 meses sozinho enquanto ela estiver no intercâmbio? E você, encara acordar às 3h da madrugada pra resolver problema da família dele? Casamento é hard core, meo bein. Se a cada birrinha você pirar, chutar o balde ou dormir na casa da mamis, desculpa, mas é melhor continuar no namoro. Continuar sentindo saudade, se arrumando pra quando ele chegar... e se contentar com a conchinha uma vez por semana (na verdade, depois do casamento acontece muito menos que isso).
Se eu pudesse dar um conselho a quem pretende encarar o desafio, eu diria que a chave de tudo é o companheirismo. O respeito pela vida daquele que divide a cama com você. Sem grandes dramas ou cobranças. Ser realista, preservando alguns encantos. É, um ciúme bobo ou um passeio inusitado de vez em quando ajudam, sabia? Caso contrário, vão virar estatística para a próxima pesquisa sobre divórcio.
Acredito sim nas relações, desde que aja maturidade. E maturidade não é ser cara fechada levando tudo a ferro e fogo, ao contrário, é ter leveza para suportar os 'surtos', rir de si mesmo e do outro, é ter confiança... nos dois. Entender de uma vez por todas que, se alguém está ao seu lado é por vontade, não por obrigação. Ele(a) PODE escolher outra pessoa a qualquer momento, mas hoje, escolheu estar com você. E isso é muito, pode ter certeza.