domingo, 16 de janeiro de 2011

O oceano.

Naquela manhã ela despertou diferente. Com uma alegria e um entusiasmo atípicos em seu dia a dia. Distribuia sorrisos, presenteava com olhares. Sentia-se plena e com uma vontade imensa de mergulhar no oceano. Naquele excitante e sedutor oceano, que a cortejava com a elegância de um inglês e a malícia de um latino.
O sangue fervia. As mãos trepidavam. Ela correu rápido sem pensar na consequência daquele desatino. A cabeça estava zonza. O coração disparado fazia a boca secar. Sentia calor e sede. Ela queria mergulhar, precisava mergulhar. 
Mas o oceano se escondia. Em uma brincadeira irônica, o oceano simplesmente não estava onde deveria. Lá, atrás das montanhas, era lá seu lugar. De onde nunca poderia ter saído.
No anseio desesperado de sua busca, confundia-se com falsos sinais. Já não pulava mais as pedras no caminho, apenas as contornava. O esforço era menor. Mas não a poupava de certas feridas muitas vezes.
A visão ficou turva. A vontade a entorpecia tanto a ponto de nem se lembrar que nunca houvera oceano algum naquele lugar. Exausta, adormeceu...

Naquela manhã ela despertou diferente. Com a sensação de possuir um oceano inteiro dentro de si. E com o desejo insano e obsceno de distribuir cada gota... 

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