domingo, 15 de maio de 2011

Entre correntes e gratidões...

Um menino, brincando na rua, encontrou um gatinho. Era um gatinho preto, ainda filhote, estava assustado e faminto. O menino o levou pra casa, deu-lhe de comer e preparou um cantinho para colocá-lo para dormir. Era só por uma noite.
Passaram-se os dias e o garoto foi se afeiçoando cada vez mais ao felino. Até que descobriu ser uma felina, sim, uma gatinha doce e carinhosa.
Era claro que não conseguiriam se separar mais. Até a família se apegou ao bichinho que fez com que o garoto se tornasse uma criança melhor, mais tolerante e mais responsável. Afinal, precisava cuidar da sua nova amiguinha.
Mas a gatinha cresceu muito, em pouco tempo tornou-se maior que o garotinho... foi quando ele percebeu que não se tratava de uma gatinha, era uma pantera.
Quando se deu conta que poderia perder sua amiga, passou a acorrentá-la. Ela, por sua vez, não se ressentia, pois gostava do menino e de seus cuidados, além do conforto que lhe era dado, coisa que não teria na selva.
Porém o tempo passou e o instinto selvagem daquele animal aflorava-se cada dia mais. Os dois já não brincavam, a pantera sentia a necessidade de ser livre, de encontrar seu mundo, mas não queria abandonar quem um dia lhe fez tão bem.
O menino amava a pantera como sua própria vida, mas não a queria longe, por isso mantinha as correntes. E ela chorava todas as madrugadas, como um ser humano. Chorava e lamentava tal situação.
Universos que um dia foram tão próximos de repente tornaram-se absolutamente diferentes. Poderia a gratidão ser a responsável por uma situação que fazia mal aos dois? Medo de perder... medo de partir...
O menino, que não tinha mais sua amiguinha nas brincadeiras, lamentava. A pantera, que desejava explorar o mundo, chorava. E a vida, como se não se importasse com os dois, passava.

5 comentários:

  1. "Poderia a gratidão ser a responsável por uma situação que fazia mal aos dois? Medo de perder... medo de partir..."
    Não sei responder. Busco incansavelmente a resposta. Sem coragem e atitude os dois permanecem presos um ao outro.

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  2. É... ainda bem que vc não tava inspirada.... O que seria do SOCO no estômago que a gente toma quando lê se estivesse... SENSÍVEL, honesto.... uma verdade metaforicamente colocada de forma brilhante. BEIJOS

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  3. Nossa é difícil, medo de perder, medo de partir, mas é aquilo quem ama deixa livre, mas as vezes a imaturidade e a confusão de sentimentos deixa os pontos de interrogação tanto na cabeça de quem quer que fique, como de quem vai partir...bjocas

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  4. Praticamente uma fábula, de que tiro a seguinte moral: quem ama volta, o destino aproxima e distância nenhuma faz com que o amor se perca ou acabe.

    Beijo grande, queridona.

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